O preço de nossas conquistas


Às vezes observamos que algumas pessoas têm muito sucesso no que fazem. Ter sucesso é criar algo a partir do nada. Ter sucesso é se sentir feliz e realizada, por perseverar num sonho. Ter sucesso é descobrir que o que fizemos a cada dia nos coloca ou nos tira do sucesso.

Há aspectos fundamentais para realização dos nossos projetos de vida:

Primeiramente precisamos saber onde queremos chegar e para tal é necessária uma boa dose de coragem. Coragem para desejar, coragem para sonhar.

Essa é uma característica que vem junto do reconhecimento que temos de nossas realizações passadas, de pequenos sucessos, que somados aliviam o medo de sonhar e projetar novos jeitos de viver.

A coragem não elimina o medo, pois este faz parte da nossa vida. Sempre temos medo de viver novas experiências. E o importante não é eliminar o medo e sim aprender a lidar com ele. Uma boa dose de otimismo e ousadia auxilia nesse processo.

A conquista de algo exige sacrifício – sacro ofício – ou seja, um ofício sagrado, importante, que vem da alma. Devido a uma questão cultural, o sacrifício está ligado ao sofrimento e este ao desgaste e ao insucesso. Talvez seja interessante invertermos essa polaridade: o sacro ofício pode estar ligado a trilha que nos leva ao sucesso e portanto as privações e necessidades que essa trilha impõe podem se vistas como investimentos. Investimento de tempo, investimento numa relação, investimento para superar obstáculos que exigem um esforço pessoal, que não pode ser pago com dinheiro, pois o seu preço é a energia psíquica dedicada ao projeto. Para alcançarmos nossos projetos não existe atalho, depende de nós. Investimento financeiro também pode fazer parte dos nossos sacrifícios, mas sem o esforço humano ele perde o sentido.

E ser não der certo? A autoconfiança é essencial para tudo. Se partirmos do princípio do insucesso, se não acreditarmos em nós, quem vai acreditar? Assim, começamos um processo de auto-boicote e para que isso não ocorra é necessária aquela dose de otimismo citada anteriormente. Se der certo – ótimo, se o resultado não for o esperado, com certeza será possível enxergar o mundo de outra forma.

Se um dia tivemos talento para começar do zero, porque não “re”-começar? Uma experiência mal sucedida pode nos ensinar algumas lições. Se conseguirmos enxergar de forma positiva e aprender com as dificuldades que traçamos em nossas vidas, conseguiremos força para novas iniciativas e para ousar na medida certa. É o momento de rever nossos valores e seguir o que nos é importante, enfrentando os novos desafios com coragem.

A dor pela história vivida faz parte da experiência e da dificuldade que temos em mudar o rumo das coisas. Sempre fazemos algo esperando o sucesso e é de fato complicado lidar com resultados opostos.

O ditado popular de que um novo amor cura a dor do que se foi, vale também aqui. A possibilidade de compreender a situação ocorrida e de projetar novas experiências vai cicatrizando a dor. É claro que esta compreensão muitas vezes requer a ajuda de um profissional especializado, de um psicólogo.

De algum modo, a dor traz aprendizado e discernimento. Ela envolve um conjunto de atributos, principalmente da reflexão sobre os nossos atos (muitas pessoas param para pensar no que fazem só quando dói). E no cerne da existência humana temos que despertar a nossa habilidade para enfrentar a vida, para formular projetos compatíveis com a realidade, para ousar e, sobretudo para aprender a mudar de rota no meio do percurso para começar de novo e melhor. E assim nos tornamos melhores. E construímos um mundo melhor. Aí qualquer sacrifício vale a pena!

Vera Regina Sebben