COMANDANTE DA PRÓPRIA HISTÓRIA?

Ainda bem que o cinema também mostra histórias como do filme VÔO, que concorreu ao Oscar este ano e que contrapõe o senso-comum de que toda a dependência química está associada a uma vida marginal e pobre em diversos sentidos.

Baseado em história verídica, o Comandante de uma aeronave com problemas mecânicos, faz manobras radicais e salva quase todos que estavam no vôo. E quando a perícia avalia o acidente, aparece o uso de álcool e cocaína nos exames do comandante. Profissional competente, seu valor passa a ser questionado.

Ao Comandante não cabem os jargões populares fortemente associados ao uso de drogas lícitas e ilícitas. Ele faz parte de uma camada da população que produz, como a sociedade quer, e que segue a sua vida numa realidade mais comum do que imaginamos: uma vida com abuso de substâncias psicoativas, onde as interferências no comportamento, sensações, sono, etc são quase imperceptíveis.

Mostra também que a drogadição não existe por si só: está para administrar carências, situações de stress e da vida do trabalhador, entre uma complexidade de causas. A droga entra também como um ponto de prazer e nem sempre como uma tortura. A tortura nesse caso é a vida em sua complexidade. É lidar consigo mesmo de forma mais profunda.

Mas chega a hora de encarar a realidade. Chega a hora que não se sabe onde está o prazer.... E o comandante faz uma escolha e resolve assumir sua condição. Uma necessidade íntima e um ato de coragem e de redenção. De reescrever a sua história. Vale pensar...

Vera Sebben - março 2013
Psicóloga - CRP 07/09015